terça-feira, 23 de junho de 2009

O Samba nasce no coração...

Não tenho o gabarito técnico dos pesquisadores que, do "mofo" dos arquivos históricos e do "fundo das bibliotecas", fazem seus trabalhos acadêmicos com empenho e honestidade inquestionáveis como, apenas para citar alguns, o fizeram Leonardo Affonso de Miranda Pereira, no Rio de Janeiro analisando as crônicas literárias relativas ao carnaval carioca e suas evoluções durante o século XIX ou Roberto Moura com o seu "Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro", trabalhos que resultaram de pesquisas intensas e contribuem para a construção de uma história do nosso samba, mas meus amigos sambistas, sabem de uma coisa? Não é de aspectos técnicos que pretendo falar neste breve texto. A questão é que o samba é igual ao AMOR, é sentimento galera, daí lembrei rapidamente de uma frase da Simone, a cantora, que dizia que ele (o amor) "tem que ser sentido e não analisado".

A verdade é que a arte, como um todo, e aí não importa se cantada, pintada, erigida ou esculpida - ou qualquer outra forma -, toca-nos como nos tocam os sentimentos. Entendo, então, o meu querido e semi-erudito amigo Prof. Marques que me dizia do fato de não gostar do som da percussão nas gravações musicais. Sabidamente sério (o também prof. Igor Corrêa falava da "dificuldade de chegar nesse cara"), o meu parceiro se desmancha mesmo é ouvindo "The Beatles" e se sente, como meio mundo, um pouco deslocado no tempo por só ter nascido em fins da década de 1970 e ter perdido os "loucos anos 60". Sentimento, irmãozinho, é isso.

De minha parte, gosto de um bocado de coisas, reconheço a importância histórico-cultural-social de outras tantas, tolero algumas, mas quando ouço aquele "tuumtum-tumtum-tumtum" ou aquele "cheq-cheq-cheq-cheq-cheq", "meu cumpadi", aí o negócio pega. Dá aquela vontade de sair pra rua, parceiro, começo a falar engraçado e soltar um monte de jargões do "metiér", valeu. "Biiiiicho", isso dá uma sede! É o tal do sentimento que o samba traz. Desde a revolta por toda a sacanagem desse país, passando pela realidade da cidade, da pobreza, das crianças, até chegar no mais singelo recado de amor, na "dor de cotovelo" de um samba dolente. Lembremos o refrão do grupo "Da melhor qualidade", ..."o canto forte, o samba resiste e a gente insiste em lhe preservar, vem pro samba, vem sambar!". Mais ainda que história, samba é sentimento.


Um abraço a todos os sambistas e ao caríssimo amigo Prof. Marques.


PS: Essa semana começam a aparecer por aqui algumas personalidades que fazem o samba pela cidade, se liga malandro!