terça-feira, 25 de maio de 2010









"Fazer o CLUBE DO SAMBA, pra mim, não é só um trabalho, fazer o CLUBE DO SAMBA, pra mim, é um prazer realizável!" (JANJÃO)




Rapaziada, é com imenso orgulho que publico hoje em meu blog quase que a íntegra de uma conversa que tive com esse cara que é, provavelmente, dono da voz mais conhecida do mundo do samba em Belém, mais do que os próprios vocalistas de nossos grupos, estou falando, claro, do “JANJÃO”, nada mais , nada menos que um operário da “arte popular”, que já há quase duas décadas liga sua vida ao CLUBE DO SAMBA, o mais original e legítimo programa do gênero da rádio paraense e que, ainda hoje, emociona-se e chora ao falar de certo SAMBA cantado por MARTINHO DA VILA. Espero que gostem.



Eu queria começar o “papo” com um histórico de JANJÃO e olha o cartel que o rapaz me apresentou,



"Eu estou fazendo o CLUBE DO SAMBA há 18 anos. Por quê? Porque eu já gostava de SAMBA, eu sou músico, fui cantor da noite, eu sou ainda do tempo das “orquestras”, né? Que a gente pra tocar num lugar levava uma orquestra, era uma orquestra, uma mini-orquestra... porque na época eram três sopros, o baterista, o percussionista, que na minha época não era percussionista, era ritimista, guitarrista, contra-baixista, teclado e era uma mini-orquestra, geralmente eram dois cantores, um homem e uma mulher e mais os “backing vocals”, que na época, dizíamos que era o pessoal que fazia o “côro”. E eu sempre fui” crooner”. Eu cantei na noite, né? Cantei em muitas boates, não só em Belém, como no Rio de Janeiro, Brasilia, enfim...
Eu já tinha uma paixão pelo SAMBA desde criança que eu curto carnaval, eu sou da época do MASCARADO FOFÓ, eu sou da época que os instrumentos como tamborim e outros instrumentos eram cobertos com couro de cobra, couro de gato, que tinha esquentar, tocar fogo num pedaço de jornal pra afinar o couro pra escola de samba entrar pra desfilar. Então eu tô falando isso aí da época do... centro da cidade aqui de Belém, que é a Campina, que era o BOÊMIOS DA CAMPINA. Quer dizer, eu nunca tive oportunidade de desfilar nos BOÊMIOS, mas eu não perdia, porque meu pai me levava pra ver ali na PRESIDENTE VARGAS, antiga 15 DE AGOSTO.



...Logo depois do falecimento do MÁRIO CUIA que foi Rei Momo, que passou muitos anos em Belém, sendo Rei Momo, eu fui o substituto do MÁRIO CUIA. Eu fui o Rei Momo mais jovem do Brasil, porque na época eu tinha 17 anos, fui mais leve por que na época eu pesava só 180 KG. E já tinha o BOLA naquela época que pesava muito, muito mesmo... Isso lá pelos idos de 1978, se eu não me engano e até menos do que isso, talvez, ...74, 76. Eu fui Rei Momo porque tudo isso nasceu da idéia de um cara que é meu amigo que é o JOÃO BOSCO MOISÉS, o famoso JB, que foi presidente do RANCHO NÃO POSSO ME AMOFINÁ, que incrementou o carnaval na década de 1980, e a gente já vinha desde a década de 1970 mexendo ali, com o BLOCO DA BANDALHEIRA, aí depois o XAVANTE, que foi um grande sucesso, aí, depois surgiram os blocos de sujo como o UNIDOS DE VILA FARAH, e outros e outros e outros que foram surgindo, PANTERA COR DE ROSA. E naquela época existiam as batalhas de confete da MARAJOARA que era ali onde está o CAN hoje. Existia a batalha da RÁDIO LIBERAL que era lá onde era a FOLHA DO NORTE, tinha a batalha da PRC-5, a atual RÁDIO CLUBE DO PARÁ, e eu participei de tudo isso, então eu sempre tive uma paixão. Eu estudei no Rio 16 anos, vivi, fui pro MORRO DA MANGUEIRA, pra ESCOLA DA MANGUEIRA, fui pra MADUREIRA... VILA ISABEL. Eu andava na noite do Rio, eu cantava também na noite do Rio, eu trabalhava em rádio na época do Rio. (...)"


É moleza? E pensar que ver JANJÃO elegantemente vestido todo de branco (de médico) era o sonho de seu pai, mas como lembra o próprio apresentador, “Eu chamei meu pai e disse, olha bicho, meu negócio é cantar, tocar, escrever, falar... E acabei me tornando um homem de comunicação... A gente tem que ter o talento, a vontade e gostar do que faz”.


JANJÃO confirma aquilo que nosso BLOG defende e sustenta, "tem vários lugares onde o SAMBA pega fogo. Tem o TONY MELODIA que onde toca e canta é sucesso. Tem o BILÃO que tá lá no ROMA SHOW na PEDREIRA. Tem o KIKO, o pessoal do VARANDINHA"(...)


E quando a pergunta é “qual o SAMBA da vida do JANJÃO?” A resposta vem em tom professoral e emocionado,
"Essa pergunta é meio difícil de responder... O SAMBA DE RAIZ, ele é a verdadeira filosofia de vida... Porque ele fala da tristeza, ele fala do amor, ele fala da alegria, ele fala das dores da população, ele fala das dores das comunidades... Por exemplo, o SAMBA que eu acho que nunca vai sair de voga, se não mudar essa concepção brasileira...


(Cantarolando...)


‘Se gritar pega ladrão não fica um, meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um’ (...)
Esse samba aí, pra mim é um que é hino nacional. (...) Eu gosto muito do MONARCO...


(Cantarolando...)


‘Eu nunca vi você tão triste assim
Falando coisas, reclamando
Contra todos e até de mim’ (...)


Gosto muito também dos SAMBAS do NOEL. JOÃO BOSCO, então, na época do ALDIR BLANC fizeram músicas ‘maravilindas’, como MEU SÃO SEBASTIÃO, e outros e outros...
Agora o SAMBA que eu gosto mesmo, é aquele, e que quando eu escuto, (pausa) vou te dizer aqui,


(Cantarolando)

‘Ele vai nascer e há de ser sem dor’ (...)

Esse SAMBA é um SAMBA que canta a liberdade (pausa longa e emocionada). Eu cantava muito esse SAMBA (pausa e lágrimas)... Quem canta é MARTINHO DA VILA... eu cantava muito esse SAMBA pra uma pessoa que não veio... eu tive um filho que não viveu e eu cantei muito esse SAMBA pra ele... E que foi o primeiro... Pesquisa esse SAMBA, que é bonito e põe pra tocar no BLOG."


Vamos ouvir o conselho de quem entende? No fim da página você pode encontrar, ver e ouvir o MARTINHO cantando TOM MAIOR, é muito lindo. Um obrigado gigante ao JANJÃO e um grande abraço a todos.